Startup brasileira levanta US$ 200 milhões

  • Início
  • Startup brasileira levanta US$ 200 milhões
Image

Startup brasileira de banking-as-a-service QI Tech levanta US$ 200 milhões em rodada Série B liderada pela General Atlantic, de Nova York

A captação é considerada a maior do Brasil — em todos os setores — até agora neste ano, segundo o Crunchbase.

Fundada em 2018 por Pedro Mac Dowell, Marcelo Bentivoglio e Marcelo Buosi, a QI Tech é uma plataforma de infraestrutura que possibilita o desenvolvimento de soluções de crédito, pagamento e bancárias por meio de uma API modular. A empresa também possui uma licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD). No Brasil, uma SCD é um tipo de autorização bancária nacional com algumas limitações, conforme explicado pelo CEO Mac Dowell. (A QI Tech afirma ser a primeira SCD aprovada pelo Banco Central do Brasil.)
Basicamente, a QI Tech permite que qualquer empresa atue como um banco e ofereça produtos financeiros a seus clientes, funcionários ou fornecedores. Por exemplo, se uma operadora de telecomunicações decidir oferecer empréstimos consignados a seus funcionários.


...

“A telecom poderia fazer uma parceria com a QI e agir como um banco”.

– Mac Dowell

Especificamente, a oferta da QI Tech inclui ferramentas digitais de cadastro, validação de dados, análise de crédito, abertura digital de contas, transferências bancárias, Pix, boletos bancários e análise de crédito para diversos setores da economia. A plataforma também suporta casos de uso variados, como “compre agora, pague depois” para clientes de e-commerce, ou a emissão de empréstimos com garantia imobiliária e estudantil por gestores de ativos e fintechs.

  • Nossos diferenciais principais são a tecnologia e a combinação de recursos que criam uma solução ‘tudo em um’”, escreveu Mac Dowell por e-mail. “A tecnologia é simples e qualquer desenvolvedor pode criar contas digitais, realizar pagamentos ou conceder empréstimos em poucos passos de integração, como o Stripe, mas para produtos financeiros mais complexos. No Brasil (ou mesmo nos EUA), não existe empresa de tecnologia que ofereça esse conjunto completo de funcionalidades. Fintechs frequentemente dependem de parcerias com bancos para criar seus produtos, e os bancos geralmente têm capacidades limitadas com tecnologias modulares modernas. A QI Tech criou uma solução que une o melhor dos dois mundos: uma empresa de tecnologia que possui uma licença bancária.”
blog-detail-01
blog-detail-02

A nova rodada eleva o total captado pela startup sediada em São Paulo para US$ 262 milhões desde sua fundação em 2018. A QI Tech, que afirma ser lucrativa desde o primeiro ano, foi autofinanciada de dezembro de 2018 até novembro de 2021, quando levantou US$ 50 milhões em uma rodada Série A liderada pelo Sovereign Investment Fund de Singapura (GIC). A Across Capital, que investiu US$ 12 milhões em outubro de 2022, dobrou seu aporte na rodada mais recente. A empresa não revelou sua avaliação atual.

“Desde o início, buscamos escalabilidade e lucratividade, uma estratégia que não era muito aceita, mas que se mostrou o caminho certo”, escreveu Bentivoglio por e-mail. “Mantivemos a firme convicção de que uma empresa pode construir produtos altamente escaláveis com excelente geração de caixa (mesmo na fase inicial).”

 

No primeiro semestre de 2023, a empresa reportou US$ 21,2 milhões em receitas líquidas, um aumento de 89% em relação ao mesmo período de 2022. Seus mais de 300 clientes incluem Shopee, Vivo Telefônica e 99 (Didi). A cobrança dos clientes é feita por meio de um modelo pay-as-you-go, em que pagam uma taxa fixa por cada transação processada via APIs da QI Tech.

A empresa conta atualmente com 120 funcionários, ante 50 há um ano.

A QI Tech pretende usar o novo capital para explorar “oportunidades estratégicas de fusões e aquisições” e implementar uma “estratégia agressiva de crescimento.”

“Queremos acelerar o crescimento por meio de aquisições, e o capital será usado para financiar algumas transações que possam ampliar nossa oferta de produtos ou consolidar nossa presença em determinados segmentos”, afirmou Mac Dowell. Em dezembro de 2021, a QI Tech adquiriu a Zaig, startup focada em KYC, AML, antifraude e análise de crédito. No início deste ano, a QI Tech adquiriu a Builders Bank, startup de desenvolvimento de aplicações bancárias. Também planeja usar os recursos para seu negócio de lending-as-a-service e para desenvolver novos segmentos, como banking-as-a-service (bancos white-label e experiência de transações, incluindo contas digitais e emissão de cartões) e a QI DTVM, licença de corretora que permite a administração e custódia de fundos de investimento.

Luiz Ribeiro, diretor executivo e co-chefe do escritório brasileiro da General Atlantic, afirmou que sua empresa acompanha a QI Tech há vários anos e se impressiona “com a visão da equipe de liderança.”

“Monitoramos de perto a infraestrutura dos mercados financeiros no Brasil há anos, e a plataforma da QI Tech é uma das mais atraentes do setor. A empresa cresceu substancialmente (e de forma lucrativa) nos últimos anos e continua a se beneficiar das tendências do mercado, como a adoção crescente de finanças incorporadas e o apetite por produtos digitais de pagamento e crédito no país”, escreveu ele por e-mail. “Além das tendências de longo prazo, a QI Tech mantém o compromisso de fornecer produtos relevantes e de alta qualidade — evidenciado pelas altas taxas de satisfação dos clientes. Ficamos impressionados com a equipe de liderança, sua capacidade de execução e visão de futuro — fatores que permitem estabelecer e manter uma posição forte no mercado.”

O Brasil tem sido lar de várias fintechs de sucesso. O Nubank cresceu e se tornou um banco digital avaliado em mais de US$ 35 bilhões, oferecendo cartões de crédito, contas correntes e seguros de vida. E, no final de junho, a gigante de cartões Visa anunciou a aquisição da startup brasileira de infraestrutura de pagamentos Pismo por US$ 1 bilhão em dinheiro — uma das maiores operações de M&A do setor fintech neste ano.


Leia mais aqui

Leave a comment